Custos: Conceito, Classificação, Sistemas e Métodos de Custeio e Sistemas de Controle de Custos
- Evolutiva Contabilidade

- 8 de ago.
- 23 min de leitura
Atualizado: 24 de nov.

Olá, seja bem vindo(a) ao nosso blog!
O próprio Título já traz uma ideia do que trataremos aqui. Vamos esclarecer alguns temas relevantes em Contabilidade de Custos e para começar, vamos apresentar o conceito de Custo e alguns outros relacionados e aplicados em Contabilidade de Custos.
Para tanto, iremos fazer uso do livro “Contabilidade de Custos”, do Prof. Eliseu Martins, Editora Atlas, 10ª Edição, 2010.
SUMÁRIO
CONCEITOS APLICADOS EM CUSTOS:
1.1 Gasto
1.2 Desembolso
1.3 Investimento
1.4 Custo
1.5 Despesa
1.6 Perda
1.7 Custo de Produção do Período (CPP)
2.1 Custos Diretos vs. Custos Indiretos
2.1.1 Custos Diretos
2.1.2 Custos Indiretos
2.2 Custos Fixos vs. Custos Variáveis
2.2.1 Custos VARIÁVEIS (CV)
2.2.1.1 Como identificar um custo variável
2.2.1.2 Comportamento do Custo Variável unitário e total quando há variação no Nível de Produção
2.2.2 Custos FIXOS (CF)
2.2.2.1 Como identificar um Custo Fixo
SISTEMA DE CUSTO, MÉTODO DE CUSTEIO E SISTEMAS DE CONTROLE DE CUSTOS
3.1 O que é um Sistema de Custo?
3.1.1 Componentes do Sistema de Custo
3.3 Quais os métodos de custeio?
3.3.1 Custeio por Absorção
3.3.1.1 Exemplo de aplicação do Custeio por absorção
3.3.2 Custeio Variável (ou direto)
3.3.2.1 Aplicação e restrição do Método de Custeio Variável (ou direto)
3.3.2.2 Por que o Princípio da Competência é Violado no Método de Custeio Variável?
3.3.2.3 Exemplo de aplicação do Custeio Váriavel (ou direto)
Tópico Especial: ITEM 13 do CPC 16 (estoques) - alocação de custos fixos indiretos de fabricação às unidades produzidas
3.1 Fluxograma para alocação dos Custos Fixos Indiretos
Tópico Especial: Custo de Produção do Período (CPP) X Custo da Produção Acabada (CPA)
4.2 Fórmula do Custo de Produção do Período (CPP)
4.3 Fórmula do Custo da Produção Acabada (CPA)
4.4 Exemplo Prático
Conceitos:
Os conceitos de Custo, Gasto, Desembolso, Investimento, Despesa e Perda na contabilidade de custos são distintos, mas interligados, representando diferentes momentos ou naturezas de um sacrifício financeiro para a entidade.
A seguir, a relação e diferenciação entre eles:
• Gasto:
◦ Definição: É a compra de qualquer produto ou serviço que gere sacrifício financeiro para a entidade, geralmente representado pela entrega ou promessa de entrega de ativos, como dinheiro.
◦ Abrangência: É o conceito mais amplo, que pode ser aplicado a todos os bens e serviços recebidos. Inclui, por exemplo, a compra de matérias-primas, mão de obra, honorários de diretoria ou a compra de imobilizado.
◦ Relação: Um gasto é o ponto de partida que pode se transformar em investimento, custo, despesa ou perda, dependendo de sua finalidade e momento de reconhecimento.
VEJA:
Fluxo de um gasto (exemplo de matéria-prima e equipamento):
• A compra de um equipamento ou matéria-prima gera um Gasto.
• Ao ser ativado (contabilizado no Ativo), torna-se Investimento.
• Quando é utilizado na produção de outros bens e serviços, a sua depreciação (no caso do equipamento) ou o consumo (no caso da matéria-prima) se torna Custo.
• Durante o período em que o produto acabado fica estocado, ele é novamente um Investimento.
• Ao ser vendido, o valor do produto fabricado se transforma em Despesa (o Custo dos Produtos Vendidos).
• Um gasto pode se tornar diretamente uma Despesa (por exemplo, a depreciação de um computador no escritório) sem transitar por custo.
• Se ocorrer um consumo de forma anormal e involuntária, será uma Perda.
• Desembolso:
◦ Definição: Refere-se ao pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço.
◦ Diferenciação: O desembolso é o ato de pagar pelo gasto. Um gasto pode ocorrer sem um desembolso imediato (por exemplo, compra a prazo), e um desembolso pode ocorrer sem um gasto imediato (por exemplo, pagamento antecipado de aluguel).
• Investimento:
◦ Definição: É um gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s).
◦ Relação: São gastos que ficam "estocados" nos ativos da empresa e são baixados pela venda ou consumo. A matéria-prima, ao ser adquirida, é um gasto que se torna investimento circulante temporariamente. Uma máquina é um gasto que se transforma em investimento permanente.
◦ Diferenciação: Não é um consumo imediato para a produção ou obtenção de receita, mas sim um ativo que gerará benefícios futuros.
• Custo:
◦ Definição: É o gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.
◦ Relação: Um custo é um tipo específico de gasto, reconhecido no momento da utilização dos fatores de produção para fabricar um produto ou executar um serviço. Por exemplo, a matéria-prima é um gasto na aquisição, um investimento durante a estocagem e se torna custo no momento de sua utilização na fabricação.
◦ Diferenciação: Os custos estão diretamente relacionados à área produtiva (fábrica), como matéria-prima, mão de obra utilizada na produção e energia elétrica da fábrica.
Os custos seguem uma classificação que abordamos mais a frente (veja aqui).
• Despesa:
◦ Definição: É um bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.
◦ Relação: As despesas são itens que reduzem o Patrimônio Líquido e representam sacrifícios no processo de obtenção de receitas. Por exemplo, a depreciação de um equipamento usado na fábrica é custo, mas a depreciação do computador da secretária do diretor financeiro é despesa.
◦ Diferenciação: A principal distinção reside no local da ocorrência do gasto: o que ocorre na fábrica é custo, enquanto o que ocorre no escritório é despesa. Tecnicamente, o "Custo dos Produtos Vendidos" na DRE seria mais precisamente uma "Despesa que é o somatório dos itens que compuseram o custo de fabricação do produto ora vendido".
• Perda:
◦ Definição: É um bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária.
◦ Diferenciação:
▪ Perdas normais no processo de produção são consideradas parte do custo dos produtos.
▪ Perdas anormais/excepcionais são reconhecidas diretamente como despesa no período em que ocorrem.
▪ Todas as perdas de produto acabado vão diretamente para o resultado do exercício (despesa), independentemente de serem normais ou excepcionais, não impactando o custo do produto.
Em resumo, o gasto é o ponto inicial de sacrifício financeiro. O desembolso é a saída de caixa associada a esse gasto. O investimento é um gasto ativado para uso futuro. O custo é o gasto relacionado à produção na fábrica. A despesa é o gasto incorrido para obtenção de receita, geralmente fora do processo produtivo direto. E a perda é um consumo anormal e involuntário.
Ainda com relação as PERDAS NORMAIS, precisamos abordar um ponto importante sobre a forma de alocação dos custos fixos indiretos.
Veja o que estabelece o item 13 do CPC 16-Estoques:
Item 13 do CPC 16 - Estoques
"A alocação de custos fixos indiretos de fabricação às unidades produzidas deve ser baseada na capacidade normal de produção. A capacidade normal é a produção média que se espera atingir ao longo de vários períodos em circunstâncias normais; com isso, leva-se em consideração, para a determinação dessa capacidade normal, a parcela da capacidade total não-utilizada por causa de manutenção preventiva, de férias coletivas e de outros eventos semelhantes considerados normais para a entidade. O nível real de produção pode ser usado se aproximar-se da capacidade normal. Como consequência, o valor do custo fixo alocado a cada unidade produzida não pode ser aumentado por causa de um baixo volume de produção ou ociosidade. Os custos fixos não-alocados aos produtos devem ser reconhecidos diretamente como despesa no período em que são incorridos. Em períodos de anormal alto volume de produção, o montante de custo fixo alocado a cada unidade produzida deve ser diminuído, de maneira que os estoques não sejam mensurados acima do custo. Os custos indiretos de produção variáveis devem ser alocados a cada unidade produzida com base no uso real dos insumos variáveis de produção, ou seja, na capacidade real utilizada."
Li, mas não entendi! Calma, vamos esquematizar:
Fluxograma para alocação dos Custos Fixos Indiretos
Ponto de Partida: O processo começa com a decisão de como alocar os custos fixos indiretos de fabricação.
Decisão Principal: A primeira decisão é determinar a base de alocação. O texto afirma que a base deve ser a Capacidade Normal de Produção que é a produção média que se espera atingir ao longo de vários períodos em circunstâncias normais. No entanto, se a Produção Real se aproximar da Capacidade Normal, ela pode ser usada.
Caminhos para Alocação:
Caminho 1 (Uso da Produção Real): Se a produção real estiver próxima da capacidade normal, o custo por unidade é calculado dividindo-se o total de custos fixos pela produção real.
Caminho 2 (Uso da Capacidade Normal): Se a produção real ficar muito abaixo da capacidade normal, o custo por unidade é calculado usando a capacidade normal como divisor. Isso evita que o custo por unidade seja inflacionado por um baixo volume de produção.
Tratamento de Anormalidades:
Volume de Produção Anormalmente Alto: Se a produção for muito alta, o custo fixo alocado por unidade deve ser reduzido, usando-se a quantidade produzida como divisor . Isso garante que o valor do estoque não seja superestimado.
Custos Não-alocados: Se a produção real for menor que a capacidade normal, a diferença nos custos fixos (aqueles que não foram alocados aos produtos) deve ser tratada como despesa do período, e não como parte do custo do produto.
Alocação de Custos Variáveis:
Por fim, a alocação de custos variáveis, que é mais direta. Eles são alocados com base no uso real dos insumos por cada unidade produzida independentemente do nível de produção.
Vamos aplicar em um exemplo:
Cenário da Empresa: "Fábrica de Cadeiras Confortáveis"
Custos Fixos Indiretos de Fabricação: R$ 50.000 (custos de aluguel da fábrica, depreciação de máquinas, salários da supervisão, etc.).
Custos Variáveis Indiretos de Fabricação: R$ 30 por cadeira (cola, tinta, verniz, etc.).
Capacidade Normal de Produção: 10.000 cadeiras por ano.
Capacidade Máxima de Produção: 12.000 cadeiras por ano.
Exemplo 1: Produção Normal
A "Fábrica de Cadeiras Confortáveis" produz e vende 10.000 cadeiras em um ano, atingindo sua capacidade normal.
Alocação de Custos Fixos:
Custo Fixo por Unidade = Custo Fixo Total / Capacidade Normal
Custo Fixo por Unidade = R$ 50.000 / 10.000 cadeiras = R$ 5 por cadeira.
Alocação de Custos Variáveis:
Custo Variável por Unidade = Custo Variável por Unidade (uso real)
Custo Variável por Unidade = R$ 30 por cadeira.
Custo Total de Fabricação por Cadeira:
Custo por Unidade = Custo Fixo + Custo Variável
Custo por Unidade = R$ 5 + R$ 30 = R$ 35 por cadeira.
Exemplo 2: Produção com Ociosidade
Neste ano, devido a uma queda na demanda, a empresa produz apenas 8.000 cadeiras.
Alocação de Custos Fixos:
A alocação ainda deve ser baseada na capacidade normal de 10.000 cadeiras para evitar inflar o custo do produto.
Custo Fixo por Unidade = R$ 50.000 / 10.000 cadeiras = R$ 5 por cadeira.
Total de custos fixos alocados aos produtos: R$ 5 (por cadeira) x 8.000 cadeiras = R$ 40.000.
Tratamento dos Custos Não-alocados:
A empresa tem R$ 50.000 em custos fixos, mas só alocou R$ 40.000. A diferença é o custo da ociosidade.
Custo de Ociosidade = R$ 50.000 - R$ 40.000 = R$ 10.000.
Esse valor de R$ 10.000 não faz parte do custo das cadeiras. Ele é reconhecido diretamente como despesa no período em que foi incorrido.
Custo Total de Fabricação por Cadeira:
Custo por Unidade = Custo Fixo Alocado + Custo Variável
Custo por Unidade = R$ 5 + R$ 30 = R$ 35 por cadeira.
Mesmo com menor produção, o custo de cada cadeira permanece em R$ 35, evitando que um baixo volume de produção aumente o custo unitário e distorça o valor do estoque.
Exemplo 3: Produção Anormalmente Alta
A demanda cresce inesperadamente, e a empresa opera com capacidade máxima, produzindo 12.000 cadeiras.
Alocação de Custos Fixos:
Neste cenário, a alocação deve ser baseada na produção real para evitar superestimar o custo do estoque.
Custo Fixo por Unidade = Custo Fixo Total / Produção Real
Custo Fixo por Unidade = R$ 50.000 / 12.000 cadeiras ≈ R$ 4,17 por cadeira.
A alocação por unidade é reduzida para refletir a economia de escala.
Custo Total de Fabricação por Cadeira:
Custo por Unidade = Custo Fixo Alocado + Custo Variável
Custo por Unidade = R$ 4,17 + R$ 30 = R$ 34,17 por cadeira.
O custo de cada cadeira é menor neste caso, pois os custos fixos são diluídos por um volume de produção maior que o normal.
Outros conceitos, mas não menos importantes são:
Custo de Produção do Período (CPP):
Representa a soma total dos custos de fabricação (ou custos de produção) incorridos por uma empresa em um determinado período de tempo, como um mês, trimestre ou ano; e
Custo da Produção Acabada (CPA):
"Representa o custo total dos produtos que foram completamente finalizados e transferidos para o estoque de produtos acabados durante o período.
ATENÇÃO: Cuidado para não confundir os dois conceitos acima!
Vamos detalhar a diferença de forma mais clara:
Custo de Produção do Período (CPP) X Custo da Produção Acabada (CPA)
1. Custo de Produção do Período (CPP)
O que é: É o somatório de todos os custos de fabricação incorridos durante um período específico (mês, trimestre, ano).
Composição: É a soma da Matéria-Prima Consumida, da Mão de Obra Direta e dos Custos Indiretos de Fabricação (CIF).
Foco: Seu foco é no tempo (no período). O CPP representa o total de gastos com a produção, independentemente de os produtos estarem acabados ou não. Parte desses custos pode estar incorporada em produtos que ainda estão em andamento (em processo).
2. Custo da Produção Acabada (CPA)
O que é: É o custo total dos produtos que foram completamente finalizados e transferidos para o estoque de produtos acabados durante o período.
Composição: O CPA é calculado a partir do CPP, mas levando em conta a variação dos estoques de produtos em processo. A fórmula é: CPA=Estoque Inicial de Produtos em Processo+CPP−Estoque Final de Produtos em Processo
Foco: Seu foco é na produção concluída (nas unidades acabadas). O CPA representa o custo dos itens que saíram da linha de produção e estão prontos para serem comercializados.
Resumo da Diferença
Característica | Custo de Produção do Período (CPP) | Custo da Produção Acabada (CPA) |
O que mede? | Todos os custos de produção incorridos no período. | O custo dos produtos que foram finalizados no período. |
Inclui o quê? | Materiais, Mão de Obra e CIF do período. | O CPP do período, ajustado pela variação do estoque de produtos em processo. |
Objetivo | Apurar o gasto total com a fabricação. | Apurar o custo para transferir produtos para o estoque de acabados. |
Relacionado a... | Gasto com a produção em si. | Apenas à produção que foi concluída. |
Exemplo prático para entender a relação:
Considere os seguintes dados de uma fábrica em um mês:
Estoque Inicial de Produtos em Processo: R$ 2.000 (custo de produtos que estavam em andamento no início do mês).
Custo de Produção do Período (CPP): R$ 18.000.
Estoque Final de Produtos em Processo: R$ 3.000 (custo de produtos que ainda estavam em andamento no final do mês).
Nesse caso, a fábrica gastou R$ 18.000 no mês, mas nem todos os produtos foram finalizados. Parte desses R$ 18.000 (e parte do estoque inicial) ficou nos produtos que ainda estão em processo no final do mês.
Para calcular o Custo da Produção Acabada (CPA), usamos a fórmula:
CPA=R$2.000(Est. Inicial)+R$18.000(CPP)−R$3.000(Est. Final)
CPA=R$17.000
Isso significa que, apesar de a fábrica ter gastado R$ 18.000 no período (CPP), o custo da produção que realmente foi finalizada (CPA) e está no estoque pronta para ser vendida é de R$ 17.000. O R$ 1.000 de diferença ($18.000 - $17.000) está agora no estoque de produtos em processo, para ser finalizado no próximo período.
Entendido? Sigamos...
Custo dos Produtos Vendidos (CPV)
É o total dos custos atribuídos aos bens ou serviços que uma empresa vendeu em um determinado período. Ele inclui despesas de produção de diferentes épocas, dependendo de quando os itens foram produzidos.
Para o Professor Eliseu Martins o correto seria: “Despesa que é o somatório dos itens que compuseram o custo de fabricação do produto ora vendido.”
Dessa forma, esquematizando o que vimos anteriormente para melhor entendimento temos:
Gasto: A matéria-prima é classificada como gasto no momento da sua compra.
Investimento/Ativo: Ao ser estocada, ela se torna parte do ativo da empresa, especificamente o estoque de matérias-primas.
Custo: Quando a matéria-prima é utilizada na produção, seu valor é transferido para os custos de produção.
Investimento/Ativo: Se o produto final for estocado, seu valor, que agora inclui a matéria-prima e outros custos de produção, volta a ser um ativo (estoque de produtos acabados).
Custo/Despesa: Finalmente, quando o produto é vendido, o valor do seu estoque é reconhecido como Custo dos Produtos Vendidos (CPV), que, na Demonstração do Resultado, é uma despesa.
CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS
Agora abordaremos os tipos de custos, ou seja, suas classificações.
Custos Diretos vs. Custos Indiretos:
Compreender a diferença entre custos diretos e indiretos é fundamental, então vamos diferenciar esses conceitos:
Custos Diretos
São aqueles custos que podem ser facilmente e diretamente associados a um produto ou serviço específico. Pense neles como os ingredientes essenciais que vão direto para a receita.
Exemplos:
Matéria-prima utilizada na fabricação.
Mão de obra dos operários na linha de produção.
Embalagens específicas para cada produto.
Custos Indiretos
Diferentemente dos custos diretos, os custos indiretos não podem ser facilmente rastreados a um produto ou serviço específico. Sua alocação geralmente envolve um processo de estimativa ou rateio, pois eles beneficiam múltiplos produtos ou a operação como um todo.
Exemplos:
Aluguel do espaço fabril.
Salários de pessoal de supervisão e gerência.
Depreciação de máquinas que atendem a diversas linhas de produção.
Então, anote: A principal distinção reside na facilidade de apropriação. Sempre que é preciso usar um fator de rateio, uma estimativa, ou qualquer método que não seja uma medição direta para atribuir um custo, ele é considerado indireto.
Custos Fixos vs. Custos Variáveis:
A chave para entender e diferenciar os custos fixos e variáveis é a relação de CAUSA e EFEITO com o VOLUME DE PRODUÇÃO.
É importante também compreender o comportamento dos valores unitários e totais de tais custos a medida que há uma variação no nível de produção. Vamos lá!
Custos VARIÁVEIS (CV)
São aqueles que mudam (variam) de forma proporcional (direta ou quase direta) ao volume de produção. Ou seja, se a empresa produzir mais, o valor total e a quantidade total do custo aumenta. Se produzir menos (ou nada), o valor total e a quantidade total do custo diminui (ou zera).
Perceba que a variação do custo variável ocorre principalmente no Valor Total desse custo, e que decorre da variação na Quantidade Total do recurso consumido. Veja um esquema:
1. Valor Total do Custo Variável
O foco principal da variação do Custo Variável (CV) é o seu VALOR TOTAL.
Lógica: O Custo Variável Total (CVT) muda em função da variação do volume de produção.
Se você produz 100 unidades, o custo total da matéria-prima (CVT) será "X".
Se você produz 200 unidades, o custo total da matéria-prima (CVT) será "2X".
2. Quantidade Total do Recurso Consumido
A variação no valor total do Custo Variável é uma consequência direta da variação na quantidade total do recurso consumido.
Lógica: Para produzir o dobro de um produto, você precisa consumir o dobro da quantidade de matéria-prima, o dobro da embalagem, etc.
O aumento na quantidade consumida leva ao aumento no custo variável total.
Pergunta-Chave para identificar um custo variável:
Se eu dobrar a quantidade de produção, esse custo irá dobrar ou aumentar de forma significativa? (Se sim, é variável).
Comportamento do Custo Variável unitário e total quando há variação no Nível de Produção:
Custo Variável Unitário: Não sofre alteração (é constante) quando há alteração no nível de produção (aumento ou diminuição da quantidade produzida em um período)
Custo Variável Total: Apresenta alteração na mesma direção da variação do nível de produção.
Uma dúvida recorrente é o motivo do Custo Variável Unitário permanecer constante, enquanto, o Custo Variável Total apresenta alteração em decorrência da variação do nível de produção e vamos passar a explicar para que você possa entender esse fenômeno.
A principal razão pela qual o Custo Variável Unitário é constante é a sua relação de proporcionalidade direta com o produto. Um custo é variável porque a quantidade de recurso necessária para fazer uma unidade do produto é, sempre a mesma. Veja um exemplo:
Exemplo da Matéria-Prima: Suponha que para fazer um bolo, a empresa precisa unicamente de 500g de farinha, sendo essa a única matéria-prima.
Se o preço da farinha for R$ 0,02 por grama, então o Custo Variável Unitário da farinha para fazer um bolo será R$ 10,00 (500g x 0,02). Se a produção total no período for de apenas um bolo, então o Custo Variável Unitário e o Custo Variável Total, ambos serão serão R$ 10,00.
Para produzir 10 bolos, a empresa precisa de 10 X 500g = 5.000g. O Custo Variável Total será R$ 100,00 (5000g x R$ 0,02) e o Custo Variável Unitário não muda, pois ele representa o gasto de farinha por bolo (R$ 100,00 / 10 (bolos) = R$ 10,00). Se a empresa aumenta a produção, o numerador (Custo Variável Total) e o denominador (Quantidade produzida) aumentam na mesma proporção, mantendo o Custo Variável constante.
Exemplo Clássico de Custo Variável:
Matéria-Prima: O dobro de produtos acabados(produzidos) exige o dobro da quantidade de matéria-prima.
Custos FIXOS (CF)
São aqueles que permanecem estáveis (fixos) em um determinado período e em uma certa capacidade produtiva (o que chamamos de "nível relevante"), INDEPENDENTEMENTE do volume de produção.
Para entender o conceito, é crucial focar na CAUSA da variação, não apenas na palavra "fixo". Quando a contabilidade classifica um custo como FIXO, ela não quer dizer que o valor monetário daquele gasto nunca mudará, mas quer dizer que o valor é FIXO em relação à atividade/produção. A chave é que a natureza "fixa" do custo é definida em relação a um único fator: o volume de produção (ou atividade).
Um custo fixo pode e geralmente varia de um período para o outro, mas a CAUSA dessa variação não é o nível de produção.
Pergunta-Chave para identificar um Custo Fixo:
Se eu não produzir nada neste mês, esse custo ainda existirá? (Se sim, é fixo).
Exemplo Clássico de Custo Fixo:
Aluguel da fábrica: A empresa terá sempre que pagar o aluguel, mesmo que produza 1 ou 1.000 unidades.
DICA: Para identificar rapidamente se é um Custo Fixo, use a "Regra do Zero":
Regra do ZERO (Teste para FIXO):
Pergunte: "Se a produção for ZERO neste mês, eu ainda vou ter esse custo?"
Se a resposta for SIM: É um CUSTO FIXO (CF). (Ex: Aluguel. Mesmo com a fábrica parada, você paga.)
EXEMPLO: Agora, vejamos um exemplo de aplicação conjunta dos conceitos de Custos Fixos e Variáveis:
Vamos usar como exemplo uma Fábrica de Móveis que produz mesas, e o custo variável será a madeira, enquanto o custo fixo será o salário fixo da supervisão. O objetivo será calcular o Custo Variável, Custo Fixo e Custo Total (unitário e total) de dois meses.
Detalhe | Valor |
Produto: | Mesa (unidade) |
Insumo Variável (Madeira): | 4 metros lineares por mesa |
Custo da Madeira (CVu): | R$ 5,00 por metro linear |
Custo Fixo Mensal (Salário da Supervisão): | R$ 8.000,00 por mês |
Produção em Março/X2: | 2.000 mesas |
Produção em Abril/X2: | 2.500 mesas |
1. Análise do Custo VARIÁVEL (Madeira)
O custo variável é a madeira, pois o consumo varia diretamente com a produção.
Item | Março/X2 | Abril/X2 |
Produção (Mesas) | 2.000 | 2.500 |
Quant. de Madeira (metros) | 2.000 x 4m = 8.000m | 2.500 x 4m = 10.000m |
Custo Variável Unitário (CVu) | 4 metros x R$ 5,00 = R$ 20,00 | 4 metros x R$ 5,00 = R$ 20,00 |
Custo Variável Total (CVT) | 8.000 metros x R$ 5,00 = R$ 40.000,00 | 10.000 metros x R$ 5,00 = R$ 50.000,00 |
Conclusão: O Custo Variável Total (CVT) aumentou (de R$ 40.000,00 para R$ 50.000,00) em função do aumento da produção. O Custo Variável Unitário (CVu) permaneceu o mesmo (R$ 20,00/mesa).
2. Análise do Custo FIXO (Salário da Supervisão)
O custo fixo é o salário da supervisão, pois o valor independe do volume de produção de mesas.
Item | Março/X2 | Abril/X2 |
Produção (Mesas) | 2.000 | 2.500 |
Custo Fixo Total (CFT) | R$ 8.000,00 | R$ 8.000,00 |
Custo Fixo Unitário (CFu) | R$ 8.000 \ 2.000 mesas = R$ 4,00 | R$ 8.000 \ 2.500 mesas = R$ 3,20 |
Conclusão: O Custo Fixo Total (CFT) não sofreu alteração (R$ 8.000,00). O Custo Fixo Unitário (CFu) diminuiu (de R$ 4,00 para R$ 3,20) porque o custo total fixo foi diluído por um volume maior de produção.
3. Análise do Custo TOTAL
O custo total é a soma dos custos fixos e variáveis.
Item | Março/X2 | Abril/X2 |
Produção (Mesas) | 2.000 | 2.500 |
Custo Variável Total | R$ 40.000,00 | R$ 50.000,00 |
Custo Fixo Total | R$ 8.000,00 | R$ 8.000,00 |
Custo Total da Produção | R$ 48.000,00 | R$ 58.000,00 |
Custo Unitário Total | R$ 48.000 \ 2.000 mesas = R$ 24,00 | R$ 58.000 \ 2.500 mesas = R$ 23,20 |
Conclusão: O Custo Total da Produção aumenta (de R$ 48.000,00 para R$ 58.000,00), mas o Custo Unitário Total diminui (de R$ 24,00 para R$ 23,20). Isso mostra que a diluição do Custo Fixo em um volume maior de produção é o principal fator que faz o custo de cada unidade produzida cair (de R$ 24,00 para R$ 23,20), um princípio fundamental para a economia de escala.
Pelo exempo acima, você percebe que o Custo Total é a soma dos Custos Fixos Totais e os Custos Variáveis Totais.
A fórmula do Custo Total de Produção é:
Custo Total de Produção (CTP) = Custos Fixos Totais (CFT) + Custos Variáveis Totais (CVT)
O cálculo do Custo Total de Produção (CTP) é a base para as decisões mais importantes da gestão, como:
Precificação: O CTP deve ser coberto pelo preço de venda do produto para que a empresa comece a gerar lucro.
Margem de Lucro: Ajuda a determinar a margem de lucro que a empresa está obtendo em cada produto.
Ponto de Equilíbrio: É essencial para calcular o volume mínimo de vendas que a empresa precisa alcançar para cobrir todos os seus custos (o famoso "Ponto de Equilíbrio").
Análise de Desempenho: Permite que a gestão compare o custo real com o custo planejado (padrão) e identifique ineficiências na produção.
Voltaremos a esse ponto quando tratarmos da análise Custo-Volume-Lucro.
SISTEMA DE CUSTO, MÉTODOS DE CUSTEIO E SISTEMAS DE CONTROLE DE CUSTOS
O que é um Sistema de Custo?
Um Sistema de Custo é o conjunto de métodos e procedimentos estruturados que uma empresa utiliza para quantificar, classificar, registrar e alocar todos os custos de produção aos bens ou serviços fabricados.
Em essência, ele é o esquema lógico que permite à gestão saber: "Quanto custa fazer este produto ou prestar este serviço?"
Componentes do Sistema de Custo
O sistema abrange as principais decisões e ferramentas gerenciais:
Estrutura de Acumulação: O modo como os custos são agrupados e registrados, dependendo da natureza da produção (por Ordem de Produção — para produtos sob encomenda; ou Contínua/Processo — para produção em massa).
Critérios de Avaliação: As políticas e métodos usados para dar valor aos estoques e materiais consumidos, como o Custo Médio Ponderado ou o PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair).
Métodos de Custeio: A abordagem utilizada para compor o custo do produto, sendo os principais o Custeio por Absorção (que inclui custos fixos e variáveis no produto) e o Custeio Variável (que inclui apenas custos variáveis no produto).
Controle e Análise: Os mecanismos para monitorar os custos, compará-los com orçamentos (custos padrão) e fornecer informações para a tomada de decisões de preço, volume e controle de eficiência operacional.
MÉTODOS DE CUSTEIO
Definição de Custeio:
Custeio é a técnica ou método fundamentalmente utilizado para identificar, quantificar e atribuir (apropriar) os custos de produção (fixos e variáveis) aos produtos, serviços ou atividades que os geraram. Em termos simples, o custeio é o processo que responde à pergunta: "Quanto de cada gasto de fabricação deve ser absorvido por cada unidade que produzimos?"
Quais os métodos de custeio?
Os métodos de custeio mais conhecidos são o Custeio por Absorção e o Custeio Variável (ou Direto), cada um com suas próprias regras sobre quais os custos de produção devem ser incluídos no custo final do produto. Veremos a seguir cada um deles...
Custeio por Absorção
Definição do Método de Custeio por Absorção:
O Custeio por Absorção (ou Integral) é o método de custeio obrigatório no Brasil para fins de contabilidade societária e fiscal, pois está em plena conformidade com os Princípios Fundamentais de Contabilidade (IFRS/CPC), especialmente o Princípio da Realização da Receita (ou Confronto). Ele consiste na apropriação de todos os custos de produção (Custos Fixos e Variáveis, Diretos e Indiretos) aos produtos fabricados. As despesas (comerciais, administrativas e financeiras) são consideradas gastos do período e não são incorporadas ao custo do produto. O principal objetivo é calcular o Custo do Produto Vendido (CPV) e o valor dos estoques de acordo com as normas contábeis.
Tome NOTA! "No custeio por absorção, todos os custos (despesas não!) vão para os produtos fabricados."
Vejamos um exemplo de aplicação do Custeio por absorção:
Consideremos uma Fábrica de Móveis com os seguintes dados:
Descrição | Valor |
Custo Variável Unitário (CVu) | R$ 20,00 por mesa |
Custo Fixo Total (CFT) Mensal | R$ 60.000,00 |
Preço de Venda Unitário | R$ 50,00 |
Despesas Fixas e Variáveis | R$ 10.000,00 por mês |
Mês 1: Produção Total, Venda Zero
Neste mês, a empresa produz, mas não vende nada. Toda a produção vai para o estoque. Veja como é feita a valorização do saldo em estoque de Produtos Acabados no final do Mês, admitindo que não havia saldo inicial em estoque de Produtos Acabados e a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício)
Rubrica | Cálculo | Valor |
Produção (Unidades) | 10.000 | |
Vendas (Unidades) | 0 | |
1. Custo Variável Total (CVT) | 10.000 X R$ 20,00 | R$ 200.000,00 |
2. Custo Fixo Total (CFT) | R$ 60.000,00 | |
3. Custo Total de Produção (CTP) | R$ 200.000,00 + R$ 60.000,00 | R$ 260.000,00 |
4. Custo Unitário por Absorção | R$ 260.000,00 \ 10.000 | R$ 26,00 |
DRE Mês 1 | Valor (R$) |
Receita de Vendas ( 0 X R$ 50,00) | 0,00 |
(-) Custo dos Produtos Vendidos (CPV) (0 X R$ 26,00 Custo Unitário) | 0,00 |
= Lucro Bruto | 0,00 |
(-) Despesas Totais | R$ 10.000,00 |
= Resultado (Prejuízo) | (R$ 10.000,00) |
O Estoque Final de Produtos Acabados é de 10.000 unidades X R$ 26,00 = R$ 260.000,00.
Conclusão Mês 1: Os Custos Totais de produção (R$ 260.000,00) não foram lançados como despesa; eles foram "absorvidos" pelo produto e estão temporariamente capitalizados no Ativo (Estoque).
Mês 2: Venda Parcial do Estoque
Neste mês, a empresa não produz nada (Produção = 0) e vende 6.000 unidades do saldo de estoque de Produtos Acabados.
Rubrica | Cálculo | Valor (R$) |
Produção (Unidades) | 0 | |
Vendas (Unidades) | 6.000 | |
Custo Unitário do Estoque | (Custo do Mês 1) | R$ 26,00 |
DRE Mês 2 | Cálculo | Valor (R$) |
Receita de Vendas | 6.000 X R$ 50,00 (Preço Venda) | R$ 300.000,00 |
(-) Custo dos Produtos Vendidos (CPV) | 6.000 X R$ 26,00 | R$ 156.000,00 |
= Lucro Bruto | R$ 300.000,00 - R$156.000,00 | R$ 144.000,00 |
(-) Despesas Totais | R$ 10.000,00 | |
(-) Custo Fixo Total (vide item 13 CPC 16) | R$ 60.000,00 | |
= Resultado (Lucro) | R$ 144.000,00 - R$ 70.000,00 | R$ 74.000,00 |
O Estoque Final agora é de 10.000 - 6.000 = 4.000 unidades. Valorizado em 4.000 X R$ 26,00 = R$ 104.000,00.
A essência do Custeio por Absorção é mostrada nesse nosso exemplo:
No Mês 1, o custo total de produção de R$ 260.000,00 foi para o Estoque (Ativo).
No Mês 2, 60% daquele estoque foi vendido (6.000 unidades).
Portanto, 60% do Custo Total do Mês 1 foi transferido para a DRE como parte do CPV: (R$ 260.000,00 X 60% = R$ 156.000,00).
Isso garante que a despesa com o custo total de produção seja confrontada com a receita gerada pela venda dos produtos, em obediência aos Princípios Contábeis.
Custeio Variável (ou direto)
Definição do Método de Custeio Variável (ou direto):
O Custeio Variável (ou Direto) é um método de custeio gerencial que se baseia na natureza dos gastos. Nesse método, apenas os Custos Variáveis de Produção (como matéria-prima e mão de obra variável) são atribuídos diretamente aos produtos e, portanto, capitalizados nos estoques, assim, o custo unitário do produto reflete apenas a parcela variável. Já os Custos Fixos de Produção (como aluguel da fábrica e depreciação por tempo) são tratados como despesas do período e são lançados integralmente na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) no mês em que ocorrem, independentemente do volume de vendas.
Tome NOTA: O método de Custeio Variável é também chamado de Custeio Direto. Mas isso não significa que apenas os custos diretos sejam apropriados aos produtos, havendo custos indiretos que sejam também variáveis, também devem ser apropriados aos produtos.
Aplicação e restrição do Método de Custeio Variável (ou direto):
Aspecto | Detalhe |
Uso Gerencial | É o método preferido para fins internos (gerenciais), pois facilita a análise de Margem de Contribuição e é ideal para a tomada de decisões de curto prazo (como precificação mínima, aceite de pedidos especiais e análise de Ponto de Equilíbrio). |
Restrição Legal | Não pode ser utilizado na Contabilidade Oficial (Fiscal e Societária). Isso ocorre porque o método fere o Princípio da Competência, especificamente o Princípio do Confronto da Receita com a Despesa. |
Por que o Princípio da Competência é violado no Método de Custeio Variável?
No Custeio Variável, se a empresa produzir 100 unidades e vender apenas 80, o custo fixo das 20 unidades que foram para o estoque é lançado integralmente como despesa.
A Receita será registrada somente pelas 80 unidades vendidas.
A Despesa (Custo Fixo) é confrontada integralmente, incluindo a parcela que deveria ser associada às 20 unidades não vendidas.
Ao incluir custos de produção de itens que não geraram receita no período, o resultado do exercício é distorcido, tornando-o inadequado para o cálculo do lucro tributável e para relatórios externos.
Vejamos um exemplo de aplicação do Custeio Váriavel (ou direto):
Vamos usar os mesmos dados da Fábrica de Móveis do exemplo para o Custeio por Absorção:
Descrição | Valor |
Custo Variável Unitário (CVu) | R$ 20,00 por mesa |
Custo Fixo Total (CFT) Mensal | R$ 60.000,00 |
Preço de Venda Unitário | R$ 50,00 |
Despesas Totais (Fixas e Variáveis) | R$ 10.000,00 por mês |
Mês 1: Produção Total, Venda Zero
Neste mês, a empresa produz 10.000 unidades, mas não vende nada. Toda a produção vai para o estoque. Veja como é feita a valorização do saldo em estoque de Produtos Acabados no final do Mês, admitindo que não havia saldo inicial em estoque de Produtos Acabados e a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício):
Rubrica | Cálculo | Valor |
Produção (Unidades) | 10.000 | |
Vendas (Unidades) | 0 | |
1. Custo Variável Total (CVT) | 10.000 X R$ 20,00 | R$ 200.000,00 |
2. Custo Fixo Total (CFT) | R$ 60.000,00 | |
3. Custo Total de Produção (CTP) | R$ 200.000,00 (dado que o Custo FIXO vai para a DRE) | R$ 200.000,00 |
4. Custo Unitário Variável | R$ 200.000,00 \ 10.000 | R$ 20,00 |
DRE Mês 1 | Valor (R$) |
Receita de Vendas | 0,00 |
(-) Custo Variável dos Produtos Vendidos | 0,00 |
= Margem de Contribuição Bruta | 0,00 |
(-) Custos Fixos Totais | R$ 60.000,00 |
(-) Despesas Totais | R$ 10.000,00 |
= Resultado (Prejuízo) | (70.000,00) |
O Estoque Final de Produtos Acabados é de 10.000 unidades X R$ 20,00 = R$ 200.000,00.
Conclusão Mês 1: Os Custos Fixos Totais (R$ 60.000,00) são lançados como despesa do período, resultando em um prejuízo maior do que no Custeio por Absorção (quando há saldo em estoque de produtos acabados); eles não são "absorvidos" pelo produto e não estão capitalizados no Ativo (Estoque).
Mês 2: Venda Parcial do Estoque
Neste mês, a empresa não produz nada (Produção = 0) e vende 6.000 unidades do saldo de estoque de Produtos Acabados.
Rubrica | Cálculo | Valor (R$) |
Produção (Unidades) | 0 | |
Vendas (Unidades) | 6.000 | |
Custo Unitário do Estoque | (Custo do Mês 1) | R$ 20,00 |
DRE Mês 2 | Cálculo | Valor (R$) |
Receita de Vendas | 6.000 X R$ 50,00 (Preço Venda) | R$ 300.000,00 |
(-) Custo dos Produtos Vendidos (CPV) | 6.000 X R$ 20,00 | R$ 120.000,00 |
= Lucro Bruto | R$ 300.000,00 - R$120.000,00 | R$ 180.000,00 |
(-) Custo Fixo Total | R$ 60.000,00 | |
(-) Despesas Totais | R$ 10.000,00 | |
= Resultado (Lucro) | R$ 180.000,00 - R$ 70.000,00 | R$ 110.000,00 |
O Estoque Final agora é de 10.000 - 6.000 = 4.000 unidades. Valorizado em 4.000 X R$ 20,00 = R$ 80.000,00.
A essência do Custeio Variável é mostrada nesse nosso exemplo:
No Mês 1, apenas o custo variável total de produção de R$ 200.000,00 foi para o Estoque (Ativo).
No Mês 2, 60% daquele estoque foi vendido (6.000 unidades).
Portanto, 60% do Custo Variável Total do Mês 1 foi transferido para a DRE como parte do CPV: (R$ 200.000,00 X 60% = R$ 120.000,00).
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