Custos: Conceito, Classificação, Sistemas e Metódos de Custeio e Sistemas de Controle de Custos
- Evolutiva Contabilidade
- 8 de ago.
- 10 min de leitura
Atualizado: há 6 horas

Olá, seja bem vindo(a) ao nosso blog!
O próprio Título já traz uma ideia do que trataremos aqui. Vamos esclarecer alguns temas relevantes em Contabilidade de Custos e para começar, vamos apresentar o conceito de Custo e alguns outros relacionados e aplicados em Contabilidade de Custos.
Para tanto, iremos fazer uso do livro “Contabilidade de Custos”, do Prof. Eliseu Martins, Editora Atlas, 10ª Edição, 2010.
Conceitos:
Os conceitos de Custo, Gasto, Desembolso, Investimento, Despesa e Perda na contabilidade de custos são distintos, mas interligados, representando diferentes momentos ou naturezas de um sacrifício financeiro para a entidade.
A seguir, a relação e diferenciação entre eles:
• Gasto:
◦ Definição: É a compra de qualquer produto ou serviço que gere sacrifício financeiro para a entidade, geralmente representado pela entrega ou promessa de entrega de ativos, como dinheiro.
◦ Abrangência: É o conceito mais amplo, que pode ser aplicado a todos os bens e serviços recebidos. Inclui, por exemplo, a compra de matérias-primas, mão de obra, honorários de diretoria ou a compra de imobilizado.
◦ Relação: Um gasto é o ponto de partida que pode se transformar em investimento, custo, despesa ou perda, dependendo de sua finalidade e momento de reconhecimento.
VEJA:
Fluxo de um gasto (exemplo de matéria-prima e equipamento):
• A compra de um equipamento ou matéria-prima gera um Gasto.
• Ao ser ativado (contabilizado no Ativo), torna-se Investimento.
• Quando é utilizado na produção de outros bens e serviços, a sua depreciação (no caso do equipamento) ou o consumo (no caso da matéria-prima) se torna Custo.
• Durante o período em que o produto acabado fica estocado, ele é novamente um Investimento.
• Ao ser vendido, o valor do produto fabricado se transforma em Despesa (o Custo dos Produtos Vendidos).
• Um gasto pode se tornar diretamente uma Despesa (por exemplo, a depreciação de um computador no escritório) sem transitar por custo.
• Se ocorrer um consumo de forma anormal e involuntária, será uma Perda.
• Desembolso:
◦ Definição: Refere-se ao pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço.
◦ Diferenciação: O desembolso é o ato de pagar pelo gasto. Um gasto pode ocorrer sem um desembolso imediato (por exemplo, compra a prazo), e um desembolso pode ocorrer sem um gasto imediato (por exemplo, pagamento antecipado de aluguel).
• Investimento:
◦ Definição: É um gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s).
◦ Relação: São gastos que ficam "estocados" nos ativos da empresa e são baixados pela venda ou consumo. A matéria-prima, ao ser adquirida, é um gasto que se torna investimento circulante temporariamente. Uma máquina é um gasto que se transforma em investimento permanente.
◦ Diferenciação: Não é um consumo imediato para a produção ou obtenção de receita, mas sim um ativo que gerará benefícios futuros.
• Custo:
◦ Definição: É o gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.
◦ Relação: Um custo é um tipo específico de gasto, reconhecido no momento da utilização dos fatores de produção para fabricar um produto ou executar um serviço. Por exemplo, a matéria-prima é um gasto na aquisição, um investimento durante a estocagem e se torna custo no momento de sua utilização na fabricação.
◦ Diferenciação: Os custos estão diretamente relacionados à área produtiva (fábrica), como matéria-prima, mão de obra utilizada na produção e energia elétrica da fábrica.
• Despesa:
◦ Definição: É um bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.
◦ Relação: As despesas são itens que reduzem o Patrimônio Líquido e representam sacrifícios no processo de obtenção de receitas. Por exemplo, a depreciação de um equipamento usado na fábrica é custo, mas a depreciação do computador da secretária do diretor financeiro é despesa.
◦ Diferenciação: A principal distinção reside no local da ocorrência do gasto: o que ocorre na fábrica é custo, enquanto o que ocorre no escritório é despesa. Tecnicamente, o "Custo dos Produtos Vendidos" na DRE seria mais precisamente uma "Despesa que é o somatório dos itens que compuseram o custo de fabricação do produto ora vendido".
• Perda:
◦ Definição: É um bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária.
◦ Diferenciação:
▪ Perdas normais no processo de produção são consideradas parte do custo dos produtos.
▪ Perdas anormais/excepcionais são reconhecidas diretamente como despesa no período em que ocorrem.
▪ Todas as perdas de produto acabado vão diretamente para o resultado do exercício (despesa), independentemente de serem normais ou excepcionais, não impactando o custo do produto.
Em resumo, o gasto é o ponto inicial de sacrifício financeiro. O desembolso é a saída de caixa associada a esse gasto. O investimento é um gasto ativado para uso futuro. O custo é o gasto relacionado à produção na fábrica. A despesa é o gasto incorrido para obtenção de receita, geralmente fora do processo produtivo direto. E a perda é um consumo anormal e involuntário.
Ainda com relação as PERDAS, precisamos abordar um ponto importante sobre a forma de alocação dos custos fixos indiretos.
Veja o que estabelece o item 13 do CPC 16-Estoques:
"13. A alocação de custos fixos indiretos de fabricação às unidades produzidas deve ser baseada na capacidade normal de produção. A capacidade normal é a produção média que se espera atingir ao longo de vários períodos em circunstâncias normais; com isso, leva-se em consideração, para a determinação dessa capacidade normal, a parcela da capacidade total não-utilizada por causa de manutenção preventiva, de férias coletivas e de outros eventos semelhantes considerados normais para a entidade. O nível real de produção pode ser usado se aproximar-se da capacidade normal. Como consequência, o valor do custo fixo alocado a cada unidade produzida não pode ser aumentado por causa de um baixo volume de produção ou ociosidade. Os custos fixos não-alocados aos produtos devem ser reconhecidos diretamente como despesa no período em que são incorridos. Em períodos de anormal alto volume de produção, o montante de custo fixo alocado a cada unidade produzida deve ser diminuído, de maneira que os estoques não sejam mensurados acima do custo. Os custos indiretos de produção variáveis devem ser alocados a cada unidade produzida com base no uso real dos insumos variáveis de produção, ou seja, na capacidade real utilizada."
Li, mas não entendi! Calma, vamos esquematizar:
Fluxograma para alocação dos Custos Fixos Indiretos
Ponto de Partida: O processo começa com a decisão de como alocar os custos fixos indiretos de fabricação.
Decisão Principal: A primeira decisão é determinar a base de alocação. O texto afirma que a base deve ser a Capacidade Normal de Produção que é a produção média que se espera atingir ao longo de vários períodos em circunstâncias normais. No entanto, se a Produção Real se aproximar da Capacidade Normal, ela pode ser usada.
Caminhos para Alocação:
Caminho 1 (Uso da Produção Real): Se a produção real estiver próxima da capacidade normal, o custo por unidade é calculado dividindo-se o total de custos fixos pela produção real.
Caminho 2 (Uso da Capacidade Normal): Se a produção real ficar muito abaixo da capacidade normal, o custo por unidade é calculado usando a capacidade normal como divisor. Isso evita que o custo por unidade seja inflacionado por um baixo volume de produção.
Tratamento de Anormalidades:
Volume de Produção Anormalmente Alto: Se a produção for muito alta, o custo fixo alocado por unidade deve ser reduzido, usando-se a quantidade produzida como divisor . Isso garante que o valor do estoque não seja superestimado.
Custos Não-alocados: Se a produção real for menor que a capacidade normal, a diferença nos custos fixos (aqueles que não foram alocados aos produtos) deve ser tratada como despesa do período, e não como parte do custo do produto.
Alocação de Custos Variáveis:
Por fim, a alocação de custos variáveis, que é mais direta. Eles são alocados com base no uso real dos insumos por cada unidade produzida independentemente do nível de produção.
Vamos aplicar em um exemplo:
Cenário da Empresa: "Fábrica de Cadeiras Confortáveis"
Custos Fixos Indiretos de Fabricação: R$ 50.000 (custos de aluguel da fábrica, depreciação de máquinas, salários da supervisão, etc.).
Custos Variáveis Indiretos de Fabricação: R$ 30 por cadeira (cola, tinta, verniz, etc.).
Capacidade Normal de Produção: 10.000 cadeiras por ano.
Capacidade Máxima de Produção: 12.000 cadeiras por ano.
Exemplo 1: Produção Normal
A "Fábrica de Cadeiras Confortáveis" produz e vende 10.000 cadeiras em um ano, atingindo sua capacidade normal.
Alocação de Custos Fixos:
Custo Fixo por Unidade = Custo Fixo Total / Capacidade Normal
Custo Fixo por Unidade = R$ 50.000 / 10.000 cadeiras = R$ 5 por cadeira.
Alocação de Custos Variáveis:
Custo Variável por Unidade = Custo Variável por Unidade (uso real)
Custo Variável por Unidade = R$ 30 por cadeira.
Custo Total de Fabricação por Cadeira:
Custo por Unidade = Custo Fixo + Custo Variável
Custo por Unidade = R$ 5 + R$ 30 = R$ 35 por cadeira.
Exemplo 2: Produção com Ociosidade
Neste ano, devido a uma queda na demanda, a empresa produz apenas 8.000 cadeiras.
Alocação de Custos Fixos:
A alocação ainda deve ser baseada na capacidade normal de 10.000 cadeiras para evitar inflar o custo do produto.
Custo Fixo por Unidade = R$ 50.000 / 10.000 cadeiras = R$ 5 por cadeira.
Total de custos fixos alocados aos produtos: R$ 5 (por cadeira) x 8.000 cadeiras = R$ 40.000.
Tratamento dos Custos Não-alocados:
A empresa tem R$ 50.000 em custos fixos, mas só alocou R$ 40.000. A diferença é o custo da ociosidade.
Custo de Ociosidade = R$ 50.000 - R$ 40.000 = R$ 10.000.
Esse valor de R$ 10.000 não faz parte do custo das cadeiras. Ele é reconhecido diretamente como despesa no período em que foi incorrido.
Custo Total de Fabricação por Cadeira:
Custo por Unidade = Custo Fixo Alocado + Custo Variável
Custo por Unidade = R$ 5 + R$ 30 = R$ 35 por cadeira.
Mesmo com menor produção, o custo de cada cadeira permanece em R$ 35, evitando que um baixo volume de produção aumente o custo unitário e distorça o valor do estoque.
Exemplo 3: Produção Anormalmente Alta
A demanda cresce inesperadamente, e a empresa opera com capacidade máxima, produzindo 12.000 cadeiras.
Alocação de Custos Fixos:
Neste cenário, a alocação deve ser baseada na produção real para evitar superestimar o custo do estoque.
Custo Fixo por Unidade = Custo Fixo Total / Produção Real
Custo Fixo por Unidade = R$ 50.000 / 12.000 cadeiras ≈ R$ 4,17 por cadeira.
A alocação por unidade é reduzida para refletir a economia de escala.
Custo Total de Fabricação por Cadeira:
Custo por Unidade = Custo Fixo Alocado + Custo Variável
Custo por Unidade = R$ 4,17 + R$ 30 = R$ 34,17 por cadeira.
O custo de cada cadeira é menor neste caso, pois os custos fixos são diluídos por um volume de produção maior que o normal.
Outros conceitos, mas não menos importantes são:
Custo de Produção do Período (CPP) que representa a soma total dos custos de fabricação (ou custos de produção) incorridos por uma empresa em um determinado período de tempo, como um mês, trimestre ou ano; e
Custo da Produção Acabada (CPA) que representa o custo total dos produtos que foram completamente finalizados e transferidos para o estoque de produtos acabados durante o período.
ATENÇÃO: Cuidado para não confundir os dois conceitos acima!
Vamos detalhar a diferença de forma mais clara:
Custo de Produção do Período (CPP) X Custo da Produção Acabada (CPA)
1. Custo de Produção do Período (CPP)
O que é: É o somatório de todos os custos de fabricação incorridos durante um período específico (mês, trimestre, ano).
Composição: É a soma da Matéria-Prima Consumida, da Mão de Obra Direta e dos Custos Indiretos de Fabricação (CIF).
Foco: Seu foco é no tempo (no período). O CPP representa o total de gastos com a produção, independentemente de os produtos estarem acabados ou não. Parte desses custos pode estar incorporada em produtos que ainda estão em andamento (em processo).
2. Custo da Produção Acabada (CPA)
O que é: É o custo total dos produtos que foram completamente finalizados e transferidos para o estoque de produtos acabados durante o período.
Composição: O CPA é calculado a partir do CPP, mas levando em conta a variação dos estoques de produtos em processo. A fórmula é: CPA=Estoque Inicial de Produtos em Processo+CPP−Estoque Final de Produtos em Processo
Foco: Seu foco é na produção concluída (nas unidades acabadas). O CPA representa o custo dos itens que saíram da linha de produção e estão prontos para serem comercializados.
Resumo da Diferença
Característica | Custo de Produção do Período (CPP) | Custo da Produção Acabada (CPA) |
O que mede? | Todos os custos de produção incorridos no período. | O custo dos produtos que foram finalizados no período. |
Inclui o quê? | Materiais, Mão de Obra e CIF do período. | O CPP do período, ajustado pela variação do estoque de produtos em processo. |
Objetivo | Apurar o gasto total com a fabricação. | Apurar o custo para transferir produtos para o estoque de acabados. |
Relacionado a... | Gasto com a produção em si. | Apenas à produção que foi concluída. |
Exemplo prático para entender a relação:
Considere os seguintes dados de uma fábrica em um mês:
Estoque Inicial de Produtos em Processo: R$ 2.000 (custo de produtos que estavam em andamento no início do mês).
Custo de Produção do Período (CPP): R$ 18.000.
Estoque Final de Produtos em Processo: R$ 3.000 (custo de produtos que ainda estavam em andamento no final do mês).
Nesse caso, a fábrica gastou R$ 18.000 no mês, mas nem todos os produtos foram finalizados. Parte desses R$ 18.000 (e parte do estoque inicial) ficou nos produtos que ainda estão em processo no final do mês.
Para calcular o Custo da Produção Acabada (CPA), usamos a fórmula:
CPA=R$2.000(Est. Inicial)+R$18.000(CPP)−R$3.000(Est. Final)
CPA=R$17.000
Isso significa que, apesar de a fábrica ter gastado R$ 18.000 no período (CPP), o custo da produção que realmente foi finalizada (CPA) e está no estoque pronta para ser vendida é de R$ 17.000. O R$ 1.000 de diferença ($18.000 - $17.000) está agora no estoque de produtos em processo, para ser finalizado no próximo período.
Entendido? Sigamos...
Custo dos Produtos Vendidos (CPV) é o total dos custos atribuídos aos bens ou serviços que uma empresa vendeu em um determinado período. Ele inclui despesas de produção de diferentes épocas, dependendo de quando os itens foram produzidos.
Para o Professor Eliseu Martins o correto seria: “Despesa que é o somatório dos itens que compuseram o custo de fabricação do produto ora vendido.”
Dessa forma, esquematizando o que vimos anteriormente para melhor entendimento temos:
Gasto: A matéria-prima é classificada como gasto no momento da sua compra.
Investimento/Ativo: Ao ser estocada, ela se torna parte do ativo da empresa, especificamente o estoque de matérias-primas.
Custo: Quando a matéria-prima é utilizada na produção, seu valor é transferido para os custos de produção.
Investimento/Ativo: Se o produto final for estocado, seu valor, que agora inclui a matéria-prima e outros custos de produção, volta a ser um ativo (estoque de produtos acabados).
Custo/Despesa: Finalmente, quando o produto é vendido, o valor do seu estoque é reconhecido como Custo dos Produtos Vendidos (CPV), que, na Demonstração do Resultado, é uma despesa.
Conteúdo em elaboração: Esse post ainda não está acabado. Inscreva-se em nossa newsletter para receber atualizações.
Comentários